quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Graves


"Toda a forma de arte é uma tentativa para racionalizar um conflito de emoções no espírito do artista." Robert Graves

CACHORRO >> LEALDADE


Colocamos alguns animais para trabalhar em nossos ritos, e imediatamente sentimos as influências destes animais intrinsecamente em nossas vidas.

Achei esse texto da Vera Maria de Souza, que fala sobre a medicina do cachorro.

"Para melhor entender os ensinamentos que o Cachorro nos transmite, basta acessar a memórias e lembrar do Animal de estimação que um dia teve.
A mensagem que o Cachorro nos passa é, acima de tudo, sobre LEALDADE.
Para ter uma noção exata do que isso representa, existem algumas perguntas básicas que deverão ser respondidas .
A questão principal aqui é a que envolve até onde voce é capaz de ir em busca da aprovação alheia, contrariando seu próprio sentido de lealdade, só para agradar aos outros.
Pare, questione e tente responder, relacionando ao seu momento atual:
1 - O que tenho feito recentemente para desvendar e revelar a minha verdade pessoal?
2 -Tenho sido leal às minhas metas e objetivos?
3 - Tenho participado e propagado " fofocas" sobre algum amigo?
4 - Tentei negar ou ignorar alguém que está sendo leal comigo só porque ele não é aceito pelo grupo que pertenço?
Se voce se sente inseguro e que está se traindo de alguma forma, evoque esse Animal e peça que ele lhe ensine o que é a verdadeira Lealdade.
Deixe que o medo de não ser aceito e amado se afaste, pois a chave para a compreensão desse mecanismo está em entender que esses medos não são inimigos externos, mas formas pensamento que podem estar desviando sua atenção para que voce ache que não é digno de confiança e que por isso não pode ser amado e respeitado.
Reivindique e imponha a energia de Lealdade e Verdade."

O Sinal da Deusa do Fogo


(...) "- Aqui nós as duas, mulheres e irmãs, entregamo-nos a ti. Mãe da Vida...
Mulher... E mais do que mulher...
Irmã... E mais do que irmã...
Aqui onde estamos na escuridão...
E sob a sombra da morte...
Invocamos-te, Oh, Mãe...
Pelo teu próprio sofrimento, Oh, Mulher...
Pela vida que transportamos no nosso seio...
Juntas perante ti, Oh, Mãe, Oh, Mulher
Eterna...
E esta é a nossa súplica...

A chama, o que quer que ela fosse, brilhava e esmorecia, brilhava e esmorecia, com a intensidade hipnótica de um vasto bater de coração ao ritmo da invocação murmurada:
- Que possam os frutos das nossas vidas ficar ligados e selados A ti, Oh, Mãe, Oh, Mulher Eterna, que seguras a vida de cada uma das tuas filhas Entre as mãos e
sobre o coração...
E seguiram-se mais palavras que Deoris, assustada e exaltada, não acreditava ouvir.

As duas mulheres caíram de joelhos e depois ficaram prostradas lado a lado. Deoris sentiu o filho da irmã mover-se contra o seu corpo e o seu próprio filho por nascer mover-se fracamente, de uma forma quase sonhada e, num assomo de presciência mágica e insensata, adivinhou um envolvimento mais profundo para além desta vida e do presente, uma onda que avançava em direcção ao mar e que envolveria certamente mais do que aqueles dois... E a glória brilhante que as envolvia transformou-se em voz. Não numa voz que conseguissem ouvir.
Mas em algo mais direto, algo que sentiam com cada nervo e cada átomo dos seus corpos.

- Servis minhas então, era após era, enquanto o Tempo durar...
Enquanto a Vida criar Vida. Irmãs e mais do que irmãs...
Mulheres e mais do que mulheres... Saibam disto, juntas, pelo
Sinal que vos dou...

O fogo extinguira-se e a sala estava muito escura e calma. Deoris, recuperando um pouco, ergueu-se e olhou para Domaris e viu que aquela curiosa luminescência continuava a irradiar dos seus seios e do corpo pesado. O espanto e a reverência abateram-se novamente sobre ela e curvou a cabeça, virando os olhos para si própria... E sim. também ali, brilhando suavemente, estava o Sinal da Deusa..."

Queda de Atlântida / Marion Zimmer Bradley

Gaelic Prayer - Lisa Thiel


Thou art the joy of all joyous things
Thou art the light of the ray of the sun
Thou art the door that is opened in welcome
Thou art the surpassing star of guidance
Thou art the step of the deer on the hill
Thou art the stride of the steed on the plain
Thou art the grace of the swan in swimming
Thou art the beauty of the hawk on the wind

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Muerte


Bom.. quanto a Morte.
Muito difícil falar superficialmente, mas por coincidência ou ironia do destino mesmo, na semana que meu pai foi para o hospital e ficou na UTI, eu comecei a ler “O Livro Celta dos Mortos” de Caitlin Matthews, achei que o livro falaria especificamente sobre a cultura de morte dos celtas, mas vi que se o assunto ia bem além disso. 
O livro narra superficialmente a história "A Viagem de Mael Duin" com a abordagem para oráculo, tentando transmitir o ensinamento mitológico do Immrama.
Quando eu descobri literalmente do que o livro se tratava eu entendi porque eu comecei a ler aquele livro, a idéia de que meu pai iria partir se tornou muito forte naquela semana e aquele livro estava me dizendo como ajudá-lo a ir e tentar ser forte do lado de cá, o porquê das coisas estarem acontecendo, e a lição que eu deveria entender...
Quando eu terminei o livro eu estava no aeroporto de Campinas indo para Brasília reconhecer o corpo de meu pai.
Não vou dizer que foi super fácil, mas entendo completamente que ele voltou ao grande Caldeirão e que lá ele está bem, em Samhain eu estava tão feliz de saber que ele conseguiu atravessar, não me perguntem como, mas eu sabia que ele estava bem, senti uma emoção muito forte, me vieram até lágrimas pois eu sabia que a matéria não era mais necessária, a dor acabou e que agora ele era eterno.
Castañeda disse que a morte ficava a um braço de distância da gente, que se olhássemos à esquerda poderíamos vê-la, que éramos tolos de achar que éramos imortais e não aproveitar o tempo agora, se programando para daqui anos e anos, que a qualquer momento, à sua esquerda ali estava ela..
Quanto ao comportamento, não sou um exemplo de conduta, mas prefiro agir corretamente, tenho em mente que todos os meus caminhos me levam à evolução, e  não quero sair deles para estagnar este processo. 
Entendo que não nasci para dar errado e que uma vez como guerreira sou obrigada a enfrentar todos os desafios enviados a mim, como prova de bravura, só posso melhorar comigo mesma se superar meus próprios obstáculos.
A propósito, na foto acima, não é Mael Duin e sim Manannan em sua barca... 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ALEGRIA.. ALEGRIA...


"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar."
Clarice Lispector

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cataclisma


"Abra as portas para o sul, para o norte, direita, esquerda, sim, desabroche como uma flor, desde o centro, abrindo suas pétalas invisíveis.
Faça uma roda de mãos, que dão, abençoam e recebem. Transforme-se em uma ponte comprida por onde transitam energias impensáveis, aquilo que nos é impossível definir, mas que se sente; essa imensidão distante que lhe penetra até os ossos.
Que a Terra inteira venha até a sua pessoa para que você a impulsione rumo ao céu. Que os espaços sem-fim cheguem até você para que os afunde na Terra.
Faça de si mesmo um ponto onde se cruzem todos os caminhos...
O anjo da carne, o anjo transformado em terra, ali dentro da caveira escura, puro desde o princípio dos tempos, acumulando energia virgem, ele com sua voz de trompa cósmica, fala com você cantando desde o instante que brota.
Seu ventre, como um forno mais quente que mil luas lança línguas de fogo frio que dissolvem as fronteiras de nossos idiomas.
Seu corpo nadando na própria alma, devido a essa graça, sempre terá algo novo que me oferecer...
Abra a boca para que entre o cataclisma!"
Alejandro Jorodowsky