sexta-feira, 27 de abril de 2012

estórias


...Vocês têm estórias para contar e que são o que vai manter a memória de um grande povo viva. Passe estas estórias para seus filhos. Ensine-as quem, onde e como seu povo era. Dedique tempo ara pesquisar sua descendência. Sintonize com seus sentimentos e seja forte em sua busca.
Trace o seu caminho, sinta satisfação em saber que o final do arco-íris que você tem procurado pode ser encontrado no dedão do pé em seu mocassin, após perceber quem nós somos e o que nós temos."


Chefe John "Eagle Spirit" 
Campbell Cherokee Elders Council, Houston, TX

Como Nasceram as Estrelas



      A vida na tribo dos índios Bororo seguia os passos e os ensinamentos dos seus antepassados. No céu da aldeia a noite era escura, iluminada apenas pela imensa lua, que crescia ou diminuía de tamanho, conforme o ciclo dos dias. Quando a lua se escondia, um terrível breu fazia-se sobre as malocas.     
      Durante o dia os homens bororos iam caçar, enquanto que as mulheres cultivavam e coziam o milho e as crianças brincavam. Num dia normal na tribo, em que os homens embrenharam-se na mata para cassar, as mulheres foram colher o milho para preparar o alimento d e todos. Quando chegaram na roça de milho, com tristeza encontraram pouquíssimas espigas. Não percebiam o que tinha acontecido. Colheram desoladas, umas míseras espigas.
      Horas antes das mulheres chegarem à roça de milho, as crianças, fugidas das mães, tinham colhido as espigas. Vestidas da malícia infantil de quem cometia uma desobediência, ali mesmo, na roça, elas socaram o milho, levando os grãos para a aldeia. Na maloca encontraram a mulher mais velha da tribo. Um dos meninos pediu à velha índia que preparasse um bolo para ele e para os amigos. A boa mulher, sem saber que as crianças colheram o milho sem a ordem das mães, com muito sacrifício fez o bolo que eles pediram. Já sem forças pela idade, a velhinha sentiu-se deveras cansada depois de todo o trabalho que tivera para fazer o bolo, retirando-se para a oca, repousando o corpo cansado sobre uma rede.
      Os meninos deliciaram-se com o bolo. De repente o papagaio da aldeia, que tudo vira, ameaçou contar a verdade para as mães dos meninos, quando elas retornassem. Maldosamente os curumins cortaram a língua do papagaio, para que silenciasse o que eles fizeram.
      Os pequenos bororos sentiam-se refestelados depois de comerem tanto bolo de milho. Mas ainda não estavam satisfeitos em desafiar o mundo. Olharam para as nuvens e a imensidão do céu, decidindo que para lá iriam subir. Embrenharam-se na mata e capturaram um beija-flor. Amarraram no bico da pequena ave a ponta de um cipó, ordenando-lhe que voasse para o mais alto infinito, e lá no céu, prendesse a ponta do cipó. O pequeno pássaro obedeceu às crianças, voando cada vez mais alto. Enquanto o beija-flor rumava para o céu, os pequenos bororos emendaram várias cordas ao cipó, agarrando-se a elas. Assim, levados pelo beija-flor, foram subindo, subindo... até o infinito do céu.
      Quando as mulheres voltaram da roça, trazendo os grãos de milho que socaram das poucas espigas que encontraram, estranharam o silêncio dos filhos. Perguntaram por eles à velhinha, mas não tiveram resposta, posto que a pobre mulher dormia pesado de tão cansada que estava. Perguntaram ao papagaio guardião da aldeia, mas com a língua cortada, a pobre ave silenciou o que vira.
       Desesperadas, as mulheres puseram-se à caça dos filhos. Foram encontrar no meio da mata, um cipó suspenso na direção do céu. Não se lhe via a ponta. Concluíram que as crianças subiram para o céu. Aos prantos, começaram a gritar para que as crianças voltassem. Lá do alto, mesmo a ver o choro das mães, os meninos bororos decidiram não voltar, seguindo sempre o beija-flor, que se distanciava da terra cada vez mais. Partiram rindo-se do choro das mães.
      Já no alto do céu, quando tentaram voltar, os meninos não conseguiram, foram castigados pela desobediência e pela ingratidão às mães, condenados a viver lá em cima, e todas as noites, a olhar para a terra, para ver se suas mães ainda deles se lembravam e continuavam a prantear por eles. Para ver as mães, os olhos dos desobedientes meninos bororos transformaram-se em estrelas, iluminando todas as noites do mundo, mesmo quando a lua retirava-se do céu.

Fonte:  12 Lendas Brasileiras - Clarice Lispector


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sucesso


2012




Descobri que esse ano é o ano de mais uma transformação...
Não a definitiva, mas crucial
Eu já venho encarando esse processo há algum tempo mas acho que a transmutação final desse ciclo estou passando agora.. 
Estou revendo tudo: Amigos, Amores, Crenças, Comportamentos, Pensamentos, Atitudes... Ou seja tudo...
Estou quieta, introspectiva, meditativa...  
Achei que era porque era ano da Lua e era inevitável que esse sentimento invadisse meu ser, tendo em vista meu ascendente pisciano. 
Em uma análise dinâmica do meu ano astrológico 2012 me saiu a seguinte mensagem:

"Netuno Transitando Conjunção Ascendente (1/1/2012 - 31/12/2012)
É essencial que encontre agora um novo sentido para a sua existência.
Isso significa se sintonizar com as forças mágicas da vida e da
Natureza, para redescobrir a qualidade transcendente que reside em
cada instante e em cada encontro. É um momento excelente para um
despertar espiritual, quer seja em uma base religiosa formal, quer
seja através de uma das suas faculdades intuitivas ou criativas, que
estão em plena explosão de desenvolvimento. Não se deixe distrair
pelas exigências que lhe são feitas, especialmente quanto a trabalho e
responsabilidade. Não pode se dar ao luxo de sacrificar as suas
necessidades interiores aos interesses da respeitabilidade"

Mesmo que a tensão do dia a dia me deixe estressada, vi que é mais período de renovação.
A gente sempre se esquece das coisas ruins que passamos, e acabamos que cegos diante de situações ameaçadoras, como se o esforço conquistado já fizesse parte do cotidiano. É bom lembrar que já encaramos batalhas mais difíceis que foram superadas, e que a vida tem que dar uma balançada para tirar essa perspectiva "morna" de existência, afinal somos Guerreiros!
De certo modo, é uma fase difícil, mas estou me redescobrindo.
Estou entendendo por este processo, que estou me tornando quem eu queria ser, e se conseguir aperfeiçoar essa dádiva, tenho que fazer alguma coisa para repassar isso... 
Sinto uma humanidade maior do que nunca dentro de mim, essa preocupação não é a toa.. 
Estou sentindo como a Terra doente, minha cabeça dói, minhas costas ficam cansadas, não consigo pensar em coisas fúteis ou supérfluas porque no meu íntimo, a morte está a um braço de distância do meu lado esquerdo.. (como diria Don Juan)  e sendo assim, não temos tempo de ter autopiedade.
O rio da minha vida está me levando ao caminho sagrado que eu mais queria, mas primeiro tive que passar pela nascente, desafiar as correntezas e seguir, seguir e seguir...
Meus ancestrais vão me dando as diretrizes, e essa conexão com a Terra faz todo o sentido para mim, estou tendo doses cavalares de inspiração, tendo em vista as pesquisas que ando fazendo e as indicações dos oráculos.
Estou seguindo.. e agora não posso parar até virar borboleta! 
Awen!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Wild



"Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas."
Clarissa Pinkola Estés - Mulheres que correm com os Lobos

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Hino Nacional Brasileiro em Idioma Tupi


Nheengarissáua Retamauára
Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.
Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.
Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !
Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!

Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !
Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.
Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.
Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!