domingo, 8 de novembro de 2015

Devorando o mundo

Nasci com a boca aberta… entrando neste mundo suculento de pêssegos e limões e sol maduro e esta rosada e secreta carne de mulher; este mundo onde a ceia está no hálito do deserto sutil nas espécies do mar distante que flutuam no sonho tarde da noite.
Nasci em alguma parte entre o cérebro e a romã saboreando as texturas deliciosas de cabelo e mãos e olhos, nasci do cozido do coração, do leito infinito, para caminhar sobre esta terra infinita.
Quero alimentar-te com as flores de gelo desta janela de inverno, dos aromas de muitas sopas, do perfume de velas sagradas que por esta casa de cedro me persegue. Quero alimentar-te com a lavanda que se desprende de certos poemas, e da canela de maçãs assando, e do prazer simples que vemos no céu quando nos apaixonamos.
Quero alimentar-te com a terra acre onde colhi alhos, quero alimentar-te de memórias surgindo dos troncos de álamo quando os parto e da fumaça de pinhões que se junta em torno da casa em uma noite quieta, e dos crisântemos na porta da cozinha (…)”
James Tipton

Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses"

Certa vez tive o prazer de observar o momento exato em que a lagarta já dentro de seu casulo ainda maleável entrou no processo de mutação, foi impressionante, o casulo se mexia frenéticamente e eu sabia que ali dentro aquela lagarta sofria "dores terríveis", inevitáveis e necessárias para que pudesse dar o próximo passo. Este momento durou um pouco mais de uma hora, quando então tudo ali acalmou. Alguns dias depois pude flagrar o momento que saía do casulo uma bela borboleta. 
A vida da lagarta/borboleta é muito simples, fatual e previsível, no entanto, analogicamente cabe-nos observar a natureza para tirar lições profundas em nossa caminhada.
Não se desespere e tampouco somatize exageradamente seus problemas e enfrentamentos. Se sofre, se luta, se te preocupa é porque estás vivo, em pleno gozo de suas faculdades mentais, então metamofoseie-se!
É preciso de tempo em tempo fazer o próprio casulo, introspectar-se e deixar-se transformar, isso ocorre no momento que seu foco, seu olhar e sua convicção de realidade passa por uma profunda modificação, uma metamorfose pois se não se libertar de conceitos e posturas que lhe causam tormento, jamais poderá alçar vôo.
Metamorfosei-se e viva em paz! 
Pai Rodrigo Queiroz.