domingo, 8 de novembro de 2015

Devorando o mundo

Nasci com a boca aberta… entrando neste mundo suculento de pêssegos e limões e sol maduro e esta rosada e secreta carne de mulher; este mundo onde a ceia está no hálito do deserto sutil nas espécies do mar distante que flutuam no sonho tarde da noite.
Nasci em alguma parte entre o cérebro e a romã saboreando as texturas deliciosas de cabelo e mãos e olhos, nasci do cozido do coração, do leito infinito, para caminhar sobre esta terra infinita.
Quero alimentar-te com as flores de gelo desta janela de inverno, dos aromas de muitas sopas, do perfume de velas sagradas que por esta casa de cedro me persegue. Quero alimentar-te com a lavanda que se desprende de certos poemas, e da canela de maçãs assando, e do prazer simples que vemos no céu quando nos apaixonamos.
Quero alimentar-te com a terra acre onde colhi alhos, quero alimentar-te de memórias surgindo dos troncos de álamo quando os parto e da fumaça de pinhões que se junta em torno da casa em uma noite quieta, e dos crisântemos na porta da cozinha (…)”
James Tipton